Após animais serem encontrados mortos, família do ES é indiciada por maus-tratos e estelionato

Apartamento onde animais maltratados foram encontrados estava muito sujo — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Inquérito investiga o desvio de doações para a causa animal. Polícia Civil informou que vai pedir a prisão dos suspeitos.

A família responsável pelo apartamento onde 11 animais foram encontrados mortos em Vila Velha, na Grande Vitória, foi indiciada por maus-tratos e estelionato após investigação da Delegacia Especializada de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) em conjunto com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maus-Tratos, da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (ALES).

Os investigados foram convocados para prestar depoimento na CPI na tarde desta quarta-feira (24), mas não compareceram. A Polícia Civil informou que vai pedir a prisão dos pais e da filha. A sessão foi acompanhada pelo advogado que representa a família.

O crime foi descoberto no dia 8 de janeiro. A Guarda Municipal foi chamada por moradores de um prédio que estranharam o mau cheiro que vinha de um dos apartamentos. Ao todo, foram encontrados 11 animais mortos. Os que sobreviveram estavam maltratados e abandonados há semanas.

Após a descoberta no apartamento, a polícia passou a investigar a jovem que morava no local e também os pais dela, que mantinham um abrigo de animais resgatados na Serra. Uma operação da Polícia Civil interditou o local e resgatou 34 animais no final de janeiro.

Apartamento onde animais maltratados foram encontrados estava muito sujo — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Durante a sessão da CPI, o delegado Eduardo Passamani declarou que indiciou a família e vai pedir a prisão dos três. Segundo a investigação, o apartamento era uma extensão do abrigo.

Na sessão desta quarta, o objetivo era ouvir os envolvidos e as testemunhas do caso, mas a responsável pelo apartamento e os pais dela não compareceram. Na época do crime, o pai dela alegou que a filha sofria de depressão e era usuária de drogas. Ele ainda disse que ela foi internada em uma clínica logo após a descoberta dos animais mortos.

“A gente teve que se ater, em um primeiro momento, aos animais que foram encontrados maltratados ou mortos, mas fizemos também um pedido de informações de que eles podem ter camuflado, podem estar atrapalhando a Justiça e coagindo testemunhas. Representamos pelo pedido de prisão dos três”, explicou o delegado.

O inquérito ainda aponta que dinheiro pedido pela família para a construção de um abrigo, por meio de doações, foi usado em benefício próprio.

“Conseguimos comprovar que o dinheiro ficou com eles. Foi expressamente pedido para a sede do abrigo e não foi repassado para isso. Concluímos o inquérito e encaminhamos para análise do Ministério Público, para que analisassem as provas coletadas até o momento. Indiciamos os três, a dona do apartamento e os pais, pelos crimes de estelionato e maus-tratos”, declarou o delegado.

Durante a CPI, vídeos foram exibidos no telão do plenário e relembraram a situação em que cães e gatos foram encontrados no apartamento. As imagens fortes causaram revolta de manifestantes que acompanhavam a sessão.

Formação de quadrilha

A deputada Janete de Sá (PMN), presidente da CPI, explicou que os depoimentos das testemunhas ouvidas na sessão reforçam o inquérito policial. A parlamentar definiu o caso como uma “formação de quadrilha”.

“Parece a formação de uma quadrilha que usa o sofrimento dos animais para poder arrecadar dinheiro em beneficio próprio. Eles ainda colocam nas redes sociais os animais que estão em piores condições para comover as pessoas, que arrancam dinheiro de onde nem tem para poder ajudar acreditando que esses recursos serão para o bem estar do animal”, disse a deputada.

Outro lado

O advogado da família esteve na CPI. Ele disse que os investigados não compareceram porque não tiveram tempo de saber o teor do que seria abordado na sessão.

“Eles não vieram por uma orientação minha. Não tivemos tempo hábil de ter acesso ao processo apurado aqui hoje. A CPI notificou a família na quinta-feira pós-carnaval. Eu, enquanto defesa, protocolei um pedido de vistas e não tivemos vistas dos autos. Como eles viriam prestar esclarecimentos sem saber ao certo o que estaria sendo apurado aqui hoje?”, questionou Jamilson Monteiro.

Caso

Onze animais, entre cães e gatos, foram encontrados mortos dentro de um apartamento no Centro de Vila Velha no dia 8 de janeiro, depois que moradores do prédio procuraram a Guarda Municipal dizendo que que havia um forte odor vindo de um dos apartamentos.

Além dos animais mortos, cinco cães ainda vivos foram resgatados no local. Eles estavam muito magros e em situação de maus-tratos. Os animais serão colocados para adoção.

O apartamento, que fica no segundo andar do prédio, estava completamente sujo, com jornais e fezes espalhados pelo chão. Entre os animais encontrados mortos, foram contabilizados cinco gatos e seis cães.

Havia restos de corpos de animais espalhados pelo local. Por isso, os veterinários acreditam que os cachorros que estão vivos se alimentaram da carcaça dos bichos mortos para conseguir sobreviver.

Fonte: https://g1.globo.com/es/espirito-santo/noticia/2021/02/24/apos-animais-serem-encontrados-mortos-familia-do-es-e-indiciada-por-maus-tratos-e-estelionato.ghtml

0

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *